O ex-presidente dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), Fernando Geraldes, defendeu na comissão parlamentar de inquérito que não havia razões para as autoridades açorianas rescindirem o contrato para a construção do navio Atlântida. Esta posição foi manifestada quinta-feira à noite durante uma audição na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Processo de Construção dos Navios Atlântida e Anticiclone, que esteve reunida durante três horas na Horta No final, em declarações aos jornalistas, Fernando Geraldes, que presidiu aos ENVC entre abril de 2004 e abril de 2007, defendeu que o incumprimento em relação à velocidade mínima prevista no caderno de encargos podia ter sido ultrapassado com um acordo entre armador e construtor. “Não sei se o problema se deu por falta de perícia dos estaleiros, se foram alterações provocados pelo armador, o que eu não via e não vejo é que uma alteração de um nó ou meio nó não fosse um assunto que não pudesse ser resolvido entre as partes”, afirmou. As autoridades açorianas encomendaram aos ENVC dois navios para o transporte de passageiros entre as ilhas do arquipélago, tendo rejeitado em abril de 2009 o Atlântida por não cumprir nos testes de mar os requisitos definidos contratualmente, entre eles a velocidade. Mais tarde, o governo regional também manifestou desinteresse no navio Anticiclone, que ainda se encontrava em fase de construção. Relativamente à questão do acordo de cavalheiros, que três altos quadros dos estaleiros afirmaram ter existido para que os ENVC baixassem o preço da proposta, recuperando-o depois com aditamentos ao contrato, Fernando Geraldes afirmou desconhecer a sua existência. “Nunca ouvi falar nesse acordo de cavalheiros! Ouvi falar pela primeira vez aqui nesta comissão”, assegurou. O ex-presidente dos ENVC revelou também desconhecer muitos outros pormenores do negócio, salientando que esses dados eram da responsabilidade de um dos técnicos que o PSD pretendia inquirir, mas cuja audição foi chumbada pela comissão de inquérito. No final da audição, a maioria dos partidos lamentou o desconhecimento revelado por Fernando Geraldes, tendo sido decidido que a comissão volta a reunir hoje para decidir se deve ouvir outros intervenientes no processo de construção dos dois navios.
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